Por Rudá Braga
A máxima "tempo é dinheiro" é um dos principais símbolos do mundo capitalista em que vivemos. O tempo é imparável, implacável, inegociável, insubstituível, não podemos negociar com ele e tampouco voltar atrás. O tempo é senhor de todos os destinos, como dizia Caetano Veloso em sua celebre canção "Oração do Tempo". O tempo é uma das coisas mais valiosas que temos e é por conta disso que fazemos a associação do valor dele com o dinheiro e, nesse caso, Micheal Bay nos deve uma fortuna.
Decidi assistir Esquadrão 6, o novo filme do cineasta no Netflix, que tem como protagonista Ryan Reynolds. O longa custou a bagatela de U$$ 150 milhões e chegou com toda a pompa e circunstância na plataforma de streaming como o principal lançamento do final de 2019. Se ancorando na figura de Reynolds e com um elenco relativamente conhecido com figuras como Mélanie Laurent (Bastardos Inglórios) e Dave Franco (Truque de Mestre), o filme prometia oxigenar um pouco o público das intermináveis franquias Transformers e Tartarugas Ninjas, ambas abraçadas por Bay para retirar dinheiro das crianças, dos desavisados ou apreciadores de filmes ruins. No entanto, não foi isso que aconteceu. Esquadrão 6 é o pior longa da carreira do diretor e o filme que melhor representa todos os vícios irritantes do cineasta (e olhe que é difícil ele superar isso).
Não é apenas pelo roteiro tosco (um bilionário que monta uma equipe de mercenários para salvar o mundo, isso mesmo que você leu), a montagem genérica ou a direção atrapalhada, o filme é uma glorificação da violência e estilo de vida americano. Bay não consegue fazer uma sequência sem que alguém morra brutalmente e, mais que isso, a violência é sempre retratada com glamour. Cada cena de assassinato, tem que ser exaltada em câmera lenta e com bastante sangue espirrando, como se fosse algo charmoso. Em determinada ocasião, o personagem interpretado por Reynolds segura o glóbulo ocular do inimigo durante uma perseguição de carro nas ruas da Itália, a cena é longa e feita para ser engraçada, mas apenas reforça a cabecinha sádica e problemática do diretor. Qual a graça que uma coisa assim pode ter?
Em outra cena, depois de matar diversos inimigos em uma suíte de hotel, dois integrantes do grupo do "mocinho" começam a fazer sexo com os corpos ainda no local. A cena reforça a glorificação da violência presente em todo filme, sexo e morte se misturam, é bonito matar. É difícil saber o retorno que a obra está dando ao Netflix, mas infelizmente, independente disso, o cineasta continuará a prestar seu desserviço ao cinema por muito tempo ainda e, quem sabe, até em uma continuação do péssimo Esquadrão 6.
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